Modas

Os coletes de malha voltaram a estar na moda. Há uns anos, quando ainda não estavam na moda, mas eu tinha começado a apreciar malhas, especialmente as feitas à mão, comprei dois coletes que devo ter usado duas vezes, se tanto, pois sempre que os punha, sentia-me uma geek fora de moda, mas sem o charme dos geeks fora de moda. Agora que os coletes voltaram a estar na moda, fui buscá-los e vesti-os, para ver que tal. Achei que me ficavam a matar. Depois pensei por breves momentos no que teria mudado em mim para os coletes me passarem a ter ficado bem e cheguei à conclusão que não foi nada físico que mudou em mim, mas apenas as referências que fui tendo. Ou seja, a moda tem uma influência incrível em nós, porque mesmo que não sejamos daquelas pessoas que estão sempre a par das últimas tendências, e que as seguem, como eu não sou, é mais fácil gostarmos de nos vermos vestidos de certa forma se gostarmos de ver outras pessoas vestidas dessa forma. Logo, se não vemos ninguém vestido dessa forma, sentimo-nos desfasados e desenquadrados. É claro que nem toda a gente funciona assim. Mas uma influenciável como eu, que nunca poderá vir a ser uma influenciadora, ficou contente por, finalmente, gostar de me ver nos coletes e lhes poder dar uso este ano. Então, meti-os na máquina, no programa de lãs, porque cheiravam a mofo.

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Depois da saia

Desde que entrei na Maria Modista de Almada para fazer a saia, não me apeteceu sair. De todas as casas onde já aprendi a costurar, esta e a Retrosaria são onde me sinto mesmo bem: ninguém goza com os meus erros, ninguém embirra comigo porque cosi o fechado do lado direito, não demoro dois meses a fazer uma saia (tudo coisas que já me aconteceram noutras aulas de costura…), conheço pessoas interessantes e inspiradoras e, nesta última, ainda tenho vista para o rio. Por isso, decidi manter as aulas semanais. Exige alguns esforços: monetário, de organização, gestão do tempo e do stress, mas as três horas que lá passo sabem-me lindamente e, além disso, são sempre super produtivas graças aos conselhos e experiência das professoras. Depois da saia, já:

  • Fiz um poncho para cada uma das minhas filhas;
  • Fiz uns calções de banho para o Tiago (que se queixava, justamente, que eu nunca fazia nada para ele);
  • Fiz um top para a Alice (que queria muito um top igual aos da irmã, mas nunca vi – ou nunca procurei com afinco – nenhum à venda para a idade dela);
  • Transformei uma t-shirt L (comprada online à C’Marie a pensar que era um M) num t-shirt à minha medida (sim, tive de desmanchar as mangas e as laterais, e coser na corte&cose, mas correu tudo bem);
  • Apertei um blusa que me ficava demasiado larga nos ombros (comprada em segunda mão a pensar que era um M pequeno…) – bastou abrir as costuras dos ombros e franzir com um elástico;
  • Estou a transformar uma túnica que já não servia à minha mãe num quimono maluco para mim, mas resultados só depois das férias.
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O verdadeiro valor da roupa

É inevitável não pensar no documentário True Cost quando nos pomos a fazer contas ao valor da roupa feita à mão, por nós, versus a roupa de compra.
Este sábado, terminei a réplica de uma saia que vi em Berlim, que adorei, mas achei demasiado cara. Encontrei a referência do preço e posso confirmar que custava 125€. Na altura, pensei que, pelo preço, faria umas três saias iguais. Será?

Vamos a contas. Precisei de ajuda para o molde e comprei um curso de 12 horas na Maria Modista de Almada. Foi só mostrar a fotografia da saia, para me ajudarem a fazer o molde. Demorei aproximadamente 10 horas, o que ainda me permitiu iniciar um novo projecto. Valor de 4 aulas de 3 horas na MM: 100€. O tecido é da Feira dos Tecidos e deve ter sido entre 12 e 15€. De material, comprei ainda 8 botões, entretela e o cordão – talvez mais 5€, porque não guardei eu os recibos? Sem contar com a gasolina nem com as horas que não trabalhei (freelancer = não trabalha, não ganha), a saia ter-me-á ficado a 120€, valores arredondados. É claro que agora já tenho o molde e, teoricamente, seria capaz de fazer outra saia sozinha. Mas isto fez-me pensar no verdadeiro significado de “demasiado caro”. Terá sido, talvez, demasiado caro para o meu bolso. É claro que por uma costureira experiente, ou mesmo numa fábrica em que se pratiquem ordenados justos e condições favoráveis, uma saia destas pode ser feita em menos de metade do tempo que eu levei. Ainda assim, comparando com saias a 30€ nas lojas dos centros comerciais, há algo que está muito mal. São baratas, sim, mas a que custo? Quem as fez? Em que condições? Para durarem quanto tempo?

Decidi manter as aulas na MM. Não de forma intensiva, porque as miúdas já voltaram e a rotina regressou ao normal, mas uma vez por semana, para ir dando vazão aos projectos de gaveta e ter este tempinho para mim. Em Agosto, talvez leve lá a Inês, ver se se interessa pelas agulhas.

Se quiserem saber mais sobre slow fashion:
Forget fast fashion: slow style pioneers on the clothes they’ve worn for decades
Fashion Revolution Portugal
Movimento Slow fashion

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Fazer coisas novas com gangas velhas

1.Tinha um par de calças prontos para ir para o lixo, mas decidi dar-lhes uma última oportunidade: cortei as duas pernas na altura desejada (1), cortei o entrepernas pelas costuras, coloquei, por baixo, tanto à frente como atrás, o tecido novo (também ele reutilizado) em forma de trapézio (2), costurei o gancho das calças para não formar um bico (3) e cosi o resto directamente em cima da ganga (4). Se coserem direito com direito, como eu fiz em primeiro lugar, sem pensar, a saia faz um formato tipo “cauda de baleia” que não é coisa que queiram ter na parte da frente da saia…

Depois da bainha feita, fiquei com uma saia nova.

2.A Inês deixou de ter calções de ganga que lhe sirvam. Ela adora calções. Por outro lado, odeia calças de ganga, que tem mais que muitas… Peguei numas rasgadas no joelho, cortei pela altura desejada e cosi uma tira por dentro, que dobrei depois para fora e cosi, como um forro exterior. Foi, novamente, o sucesso total!

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Global Fashion Exchange Lisboa – iniciativa de troca de roupa

Quem me conhece sabe que não sou nada de modas. Dessas e das outras. Não ligo a moda, não sigo blogues de moda, nem sequer compro muita roupa. Mas este ano fui pela primeira vez à Moda Lisboa.

A razão que lá me levou foi a excelente iniciativa de troca de roupa Global Fashion Exchange Lisboa. A entrada era gratuita, o único requisito era levar, pelo menos, uma peça de roupa para troca. A roupa era pesada à entrada e agrupada em duas categorias: as marcas premium (Hugo Boss, Lanidor, Massimo Dutti, etc.) e as outras (H&M, Zara, Mango, etc.)

Por cada peça entregue, podíamos levar outra da mesma categoria. Foi assim que podia trazer 21 peças, mas só trouxe 4, porque o intuito não era repor as peças que tirei do roupeiro, mas sim dar um destino mais sustentável a roupa que já não queria. Cada vez acredito menos que os contentores da Humana sejam uma solução e não quero estar sempre a usar os mesmos canais para tentar prolongar a vida útil da roupa que já não me interessa. Além disso, pelo que li desta iniciativa, a roupa que não fosse entregue, seria entregue à I:CO e encaminhada realmente para reciclagem. Realmente para reciclagem.

A iniciativa durou apenas uma tarde (o passado domingo, das 17 às 19:30), o que me parece pouco tempo, mas pode ser que os organizadores tenham percebido que é preciso dar mais tempo e espaço a estas iniciativas e divulgá-las melhor.

Ficam algumas fotos toscas que fui tirando enquanto escolhia roupa e estava atenta ao destino que a minha roupa levava (a maior parte foi logo repescada pelos mais experientes nestas andanças), ao mesmo tempo que garantia que o segurança não se vinha queixar dos gritos histéricos e correrias das únicas duas crianças que por ali andavam. As minhas.


A entrada, onde as roupas eram pesadas e separadas por categoria.

Colocação da roupa em cabides para exposição.

Um dos meus vestidos – espero que tenhas tido uma boa viagem!


O saquinho com as minhas trocas: troquei 21 peças por 4: umas calças de ganga (desfiz-me recentemente de dois pares em mau estado que usei para retalhos), uns calções de ganga (destes precisava, sendo o “precisar” algo relativo…), um casaco para o desporto (dá sempre jeito, mas era mais ou menos dispensável) e um vestido retro que amei à primeira vista e que vou (mandar) apertar como fiz com os vestidos da minha avó.

 

Para o ano há mais!

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