Diversos

Por muito que a deixe ao deus-dará ou que não faça mais do que o mínimo, a horta continua a retribuir-me com folhas viçosas de acelgas e os tomates mais saborosos que alguma vez comi (quando maduros, é comer à dentada só com sal, orégãos e azeite). 

Comprei estes discos de limpeza reutilizáveis à minha amiga Cláudia do Luadia Terapias. Eu faço os meus, mas não tenho nenhum tecido da Frida Kahlo. Olho para estes e ocorrem-me muitos outros sítios onde poderia aplicá-los sem ser na cara suja: um bolso falso, num saco de pano, como remendo num casaco de ganga… 

Sem tecidos da Frida Kahlo, mas com capulanas, voltei a costurar coisas para dar. Depois da mala para a S., um saco reversível para a filha da Lena. Miúda cheia de sorte, estive tentada a ficar com ele para mim…

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Depois da saia

Desde que entrei na Maria Modista de Almada para fazer a saia, não me apeteceu sair. De todas as casas onde já aprendi a costurar, esta e a Retrosaria são onde me sinto mesmo bem: ninguém goza com os meus erros, ninguém embirra comigo porque cosi o fechado do lado direito, não demoro dois meses a fazer uma saia (tudo coisas que já me aconteceram noutras aulas de costura…), conheço pessoas interessantes e inspiradoras e, nesta última, ainda tenho vista para o rio. Por isso, decidi manter as aulas semanais. Exige alguns esforços: monetário, de organização, gestão do tempo e do stress, mas as três horas que lá passo sabem-me lindamente e, além disso, são sempre super produtivas graças aos conselhos e experiência das professoras. Depois da saia, já:

  • Fiz um poncho para cada uma das minhas filhas;
  • Fiz uns calções de banho para o Tiago (que se queixava, justamente, que eu nunca fazia nada para ele);
  • Fiz um top para a Alice (que queria muito um top igual aos da irmã, mas nunca vi – ou nunca procurei com afinco – nenhum à venda para a idade dela);
  • Transformei uma t-shirt L (comprada online à C’Marie a pensar que era um M) num t-shirt à minha medida (sim, tive de desmanchar as mangas e as laterais, e coser na corte&cose, mas correu tudo bem);
  • Apertei um blusa que me ficava demasiado larga nos ombros (comprada em segunda mão a pensar que era um M pequeno…) – bastou abrir as costuras dos ombros e franzir com um elástico;
  • Estou a transformar uma túnica que já não servia à minha mãe num quimono maluco para mim, mas resultados só depois das férias.
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O verdadeiro valor da roupa

É inevitável não pensar no documentário True Cost quando nos pomos a fazer contas ao valor da roupa feita à mão, por nós, versus a roupa de compra.
Este sábado, terminei a réplica de uma saia que vi em Berlim, que adorei, mas achei demasiado cara. Encontrei a referência do preço e posso confirmar que custava 125€. Na altura, pensei que, pelo preço, faria umas três saias iguais. Será?

Vamos a contas. Precisei de ajuda para o molde e comprei um curso de 12 horas na Maria Modista de Almada. Foi só mostrar a fotografia da saia, para me ajudarem a fazer o molde. Demorei aproximadamente 10 horas, o que ainda me permitiu iniciar um novo projecto. Valor de 4 aulas de 3 horas na MM: 100€. O tecido é da Feira dos Tecidos e deve ter sido entre 12 e 15€. De material, comprei ainda 8 botões, entretela e o cordão – talvez mais 5€, porque não guardei eu os recibos? Sem contar com a gasolina nem com as horas que não trabalhei (freelancer = não trabalha, não ganha), a saia ter-me-á ficado a 120€, valores arredondados. É claro que agora já tenho o molde e, teoricamente, seria capaz de fazer outra saia sozinha. Mas isto fez-me pensar no verdadeiro significado de “demasiado caro”. Terá sido, talvez, demasiado caro para o meu bolso. É claro que por uma costureira experiente, ou mesmo numa fábrica em que se pratiquem ordenados justos e condições favoráveis, uma saia destas pode ser feita em menos de metade do tempo que eu levei. Ainda assim, comparando com saias a 30€ nas lojas dos centros comerciais, há algo que está muito mal. São baratas, sim, mas a que custo? Quem as fez? Em que condições? Para durarem quanto tempo?

Decidi manter as aulas na MM. Não de forma intensiva, porque as miúdas já voltaram e a rotina regressou ao normal, mas uma vez por semana, para ir dando vazão aos projectos de gaveta e ter este tempinho para mim. Em Agosto, talvez leve lá a Inês, ver se se interessa pelas agulhas.

Se quiserem saber mais sobre slow fashion:
Forget fast fashion: slow style pioneers on the clothes they’ve worn for decades
Fashion Revolution Portugal
Movimento Slow fashion

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Que semanas

Foi difícil a minha semana passada, com coisas para resolver dentro e fora de mim. Aproveitei a ida das meninas para o Algarve, com os meus pais, para me libertar de compromissos e tirar tempo para mim. Fui ao ginásio, fui à horta, que é o único sítio na terra onde consigo não pensar em mais nada, e fui à Retrosaria, um dos sítios na terra aonde adoro voltar, aprender a remendar roupa. Foi uma sorte ter visto o post da Inês Nogueira no Instagram dois dias antes. Ela não sabe, mas a Inês foi uma das primeiras fazedoras que comecei a seguir, quando conheci o mundo das coisas feitas à mão.

Esta semana, o culminar de uma série de traduções complexas e monótonas obriga-me a, fora do escritório, desenvolver o meu lado criativo para não dar em doida. Reservei as tardes na Maria Modista de Almada para aprender a costurar uma saia que vi em Berlim e que era tão a minha cara, mas tão pouco amiga da minha carteira. Pelo preço, pensei, faço três saias destas. A ver vamos. Começo hoje.

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Fazer coisas novas com gangas velhas

1.Tinha um par de calças prontos para ir para o lixo, mas decidi dar-lhes uma última oportunidade: cortei as duas pernas na altura desejada (1), cortei o entrepernas pelas costuras, coloquei, por baixo, tanto à frente como atrás, o tecido novo (também ele reutilizado) em forma de trapézio (2), costurei o gancho das calças para não formar um bico (3) e cosi o resto directamente em cima da ganga (4). Se coserem direito com direito, como eu fiz em primeiro lugar, sem pensar, a saia faz um formato tipo “cauda de baleia” que não é coisa que queiram ter na parte da frente da saia…

Depois da bainha feita, fiquei com uma saia nova.

2.A Inês deixou de ter calções de ganga que lhe sirvam. Ela adora calções. Por outro lado, odeia calças de ganga, que tem mais que muitas… Peguei numas rasgadas no joelho, cortei pela altura desejada e cosi uma tira por dentro, que dobrei depois para fora e cosi, como um forro exterior. Foi, novamente, o sucesso total!

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