Saia dos flamingos

Depois de um longo Inverno sem vontade de pegar em agulhas, nada como recomeçar a costurar com um tecido lindíssimo que comprei há uns tempos na M is for Make. A ideia sempre foi fazer uma saia. Mas deixei a Inês crescer demasiado depressa e agora só tinha tecido para a Alice. Ainda assim acho que ficou o máximo. E este modelo é tão básico e simples de fazer que me pergunto porque é que não faço mais saias destas…

 

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Bem resumido

Eu para a Alice, para a distrair e conseguir enfiar dentro da banheira, como quem não quer a coisa (não consegui):

-Então, Alice, tens de contar lá na escola como foram os nossos dias no Algarve.
-Sim.
-E como foram, lembras-te? O que fizemos?
-Brincámos.
-Sim, e mais?
-Então, brincámos, comemos e comemos. Foi isso.

(Há-de chegar o dia em que não orientamos as nossas férias em função dos bons restaurantes que há na zona, mas desta vez já conseguimos quebrar com a tradição parva de ir ao frango da guia comer frango-que-viveu-uma-vida-infeliz-e-está-cheio-de-antibióticos grelhado com batatas fritas e pagar 45€, e passámos muito bem sem ele, toma-te!)

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Uma actividade tão simples

Este mês, o tema na escola da Alice são os oceanos. Num impulso, ofereci-me para ir ler a história do Peixinho Maroto e os Seus Amigos que é uma das preferidas da Alice. Como só ir ler uma história não tem graça, num serão preparei uma actividade gira e simples, sem necessidade de coser ou de possuir grandes dotes para além de saber recortar.

Inspirei-me num poster do mundo aquático que veio na National Geographic de há uns meses e decidi fazer o mesmo, mas em feltro.

A única coisa que comprei foi um rectângulo de feltro de cor azul-do-mar-das-Maldivas, o restante feltro tinha-me sobrado do Quiet Book. Descarreguei imagens gratuitas de vários peixes e outras criaturas marinhas (por exemplo, estas), imprimi e passei por cima do feltro. Depois foi só recortar e colar alguns olhos que também me tinham sobrado do Quiet Book, para dar mais autenticidade à coisa. Seguindo o pressuposto de que feltro cola com feltro (ou com flanela, mas não tinha nenhuma azul), não é preciso mais nada para pregar os peixes ao fundo azul.

Não tenho fotos do processo e durante a actividade não tive tempo para tirar fotos, mas posso garantir que os miúdos adoraram e a minha Alice saltitava de contente, como se tivesse molas nos sapatos – acho que mesmo que a mamã dela fosse lá só para falar sobre o funcionamento de uma retroescavadora, ela ia delirar à mesma!!

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Uma actividade com raposas

Nem sempre consigo arranjar alternativas ao consumo, mas vou tentando e fico muito feliz quando consigo arranjar uma forma de fugir a isso e sou bem-sucedida. Por exemplo, nos anos da Alice. Como fez anos a um domingo, teve direito a festinha cá em casa. Como o dia seguinte era o dia nacional do Pijama, não fazia muito sentido ir cantar os parabéns à escola dois dias depois. Pelo menos na minha cabeça não fazia sentido. Queria também fugir ao costume de oferecer aos outros meninos da sala saquinhos cheios de gomas e chocolates. Elas já comem tantos doces que nós não conseguimos controlar, como nas festas de anos, em casa dos avós, dos amigos, do tio, na escola (!), que não vou ser eu a criar mais uma oportunidade de estragarem os dentes. Mas, apesar de não ir cantar os parabéns nem distribuir saquinhos de doces, queria fazer alguma coisa, assinalar os anos da Alice também na escola, fazê-la sentir-se especial mais uma vez. E tive uma ideia.

Como o tema da festa da Alice foi a raposa, lembrei-me de ir à sala dela contar uma história sobre uma raposa e depois fazer, com os meninos, uma máscara de raposa. É claro que, nestas idades, a única tarefa das crianças foi pintar a máscara.

A maior dificuldade que encontrei foi arranjar uma história sobre uma raposa. Simplesmente não há histórias de raposas (para esta idade) em que as raposas sejam as protagonistas e, ainda por cima, boazinhas. As raposas andam sempre atrás de galinhas e coelhinhos fofinhos para os comerem… Fui à biblioteca pesquisar sobre o assunto e, coincidência das coincidências, cheguei em plena Hora do Conto, precisamente na altura em que se estava a ler uma história sobre uma… raposa! Só podia ser um bom sinal. Era uma história muito divertida sobre uma raposa cheia de fome, mas que acaba por não conseguir comer nada devido à esperteza dos animais da quinta que a enganam bem enganada. Metia vários sons de animais e achei que seria ideal para ler a um grupo de miúdos com 3 anos. A história chama-se “Quem será o meu jantar?” e é mesmo muito engraçada.

quem-sera-o-meu-jantar

Depois disso, foi preparar vinte máscaras de raposa em casa, para no dia estarem prontas para pintar e colar. Retirei o molde da Internet (não guardei o link, mas é fácil encontrar) e passei o molde em cartolina branca. Depois foi passar um serão a recortar…

Precisei de:

  • Cartolina branca
  • Molde da máscara de raposa
  • Lápis e tesoura
  • Pauzinhos de espetada de madeira de tamanho médio
  • Pistola de cola quente
  • Fita-cola (tem de ser à prova de muitos abanões por miúdos de 3 anos)

 

mascaras-raposa

Foi um sucesso. Pelo menos foi a impressão com que fiquei. Os miúdos estiveram muito atentos e participaram activamente na história e nas perguntas que ia fazendo para os manter curiosos e atentos.

Depois cada um pintou a sua máscara e, à medida que iam terminando, eu ia colando o pauzinho na parte de trás. No fim tirámos uma fotografia em grupo, todos atrás das suas raposas. No final do dia, quando fui buscar a Alice, foi giro ver os meninos a mostrarem orgulhosamente as suas máscaras aos pais. Ficaram, assim, com uma recordação da Alice que podem usar para brincar até estragar e depois é perfeitamente reciclável ou biodegradável. Sem açúcar e sem lixo!

E a Alice, claro, adorou ter a mamã na sala! Só por isso valeu tanto a pena!

Quem será o meu jantar

mascara-raposa

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Parabéns, Alice

Quis o acaso que eu, que sempre quis ter rapazes e só rapazes, porque me incomodava a histeria feminina, tivesse logo duas meninas. Bastante histéricas, por sinal, mas quero crer que é da idade. Quando foi da primeira, é menina, pronto, deixa lá, o que interessa é que venha com saúde, e não pensei mais sobre isso. Mas da segunda a aceitação foi mais difícil. Estive, inexplicavelmente, convencida desde a concepção de que era rapaz. E quando, a meio da gravidez, soube que vinha aí outra menina, confesso que cheguei a casa e chorei. Não me lembro se o digo aqui, mas agora já sabem a verdade. Fartei-me de chorar. Catano, como vou ser eu mãe de duas meninas?!?

Três anos volvidos e posso dizer que é a melhor coisa do mundo! Bom, não é. Quer dizer, tem os seus desafios, a maternidade não é um mundo cor-de-rosa, mas não me parece que ter meninas seja melhor ou pior do que ter dois rapazes ou um casalinho. Mas é certo que tem muitas vantagens, como a cumplicidade que se gera entre elas, as brincadeiras facilitadas e partilhadas e a roupa que passa de uma para a outra.

Mas recuemos outra vez no tempo até à gravidez da Alice. Ao contrário da gravidez da irmã, não foi uma gravidez fácil. Estive de repouso forçado, cheia de contracções, ciática e enjoos e, depois da, na altura, decepcionante surpresa do sexo, havia a questão do nome. Eu precisava de estabelecer um vínculo com a criatura do sexo feminino que crescia dentro de mim, convenci-me de que a escolha do nome era essencial para isso e não havia maneira de escolhermos o nome. Bom, do meu lado, escolhido já ele estava, muito antes de querer sequer ter filhos (este filme pode ou não ter contribuído para isso). Quando ele finalmente concordou com o nome, já faltava muito pouco para o parto e temi que a rapariga nascesse e eu não conseguisse sentir aquela multiplicação automática do amor de que tanto se fala.

Não foi imediato, de facto. Ela parecia um macaquinho. Feia e achatada. O parto tinha sido intenso, eu sem conseguir fazer força, e estava exausta quando ma puseram nos braços. Não chorei nem nada que se pareça. Não estava triste nem feliz, estava aliviada por já ter passado, por ela estar bem e ser saudável, com tudo no sítio. Era o que era.

Foi durante a noite. Durante aquela nossa primeira noite de dedos entrelaçados uma na outra que me apaixonei irremediavelmente pela segunda vez (pois que afinal é possível a tal multiplicação divina do amor). E hoje agradeço aos cromossomas tresloucados por me terem dado outra menina, esta menina, a minha doce Alice, e por ontem termos podido festejar os seus três anos com uma felicidade transbordante, a dela, a nossa e a nossa ao vermos a dela. E não interessa nada que, já na cama, me tenha dito que não tinha gostado da festa, que tinha sido “horrorosa”, porque essa vai sendo a sua imagem de marca: quanto mais gosta, mas diz que detesta. Se tivesse dito que tinha gostado é que nos preocupávamos. Assim sabemos que foi um sucesso.

 

bolo raposa

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