Recentemente, descobri o Substack. Apesar de não ter qualquer intenção de monetizar os meus conteúdos (só falar em conteúdos, no meu caso, dá-me vontade de rir), fiquei fascinada com o aspeto da coisa e com a infinidade de possibilidades que permite. Mas depois percebi que aquilo é, essencialmente, uma plataforma para envio de newsletters e que qualquer coisa que publicasse na página principal seria automaticamente enviada para o e-mail dos meus subscritores. Não sei se será bem assim, mas foi o que me pareceu.
Ora, isto, além de eu não ter subscritores e ter de os angariar (fazer publicidade nas redes, que é o mesmo que dizer «pedinchar que me sigam»), é algo que me faz confusão. Ter uma newsletter significa que tenho, numa base regular, informações a partilhar que considero serem úteis a alguém ou, por exemplo, à promoção do meu trabalho. Ademais, significa também que os meus subscritores recebem, na sua caixa de correio eletrónico, estas informações que eu quero que eles leiam, quando eu acho que as devem ler, sem lhes dar possibilidade de escolha do quê e de quando ler. (Certo, eles podem guardar para ler depois e isso tudo, mas foquemo-nos.) É claro que, para isso, tiveram de subscrever a newsletter e ninguém lhes apontou uma arma nem os obrigou a nada. Mas faz-me impressão que seja eu a enviar-lhes os meus últimos rabiscos e não eles — como eu acho que deveria ser, tratando-se de um blogue pessoal — a procurá-los por iniciativa própria, como quem folheia um jornal à procura de um determinado artigo ou vai a uma livraria à procura de um livro para ler nas férias. Foi também por esse motivo que apaguei a página de Facebook do blogue, porque me começou a fazer impressão a necessidade de avisar para que alguém me lesse, como se dissesse, Olhem, olhem, estou aqui, vão ler-me, vá lá.
Sei que na sociedade de consumo rápido em que vivemos atualmente é assim que funciona e que só os mais rápidos e digitalmente aptos é que são vistos, mas eu também já participei, não há tanto tempo assim, na blogosfera mais lenta, em que cada um lia e escrevia ao seu ritmo, só porque sim, sem necessidade de impingir nada a ninguém. Liberdade de informação e de partilha, é nisto em que acredito, mas que se transformou em negócio e corrida às visualizações. Talvez um dia venha a mudar de ideias, talvez venha a precisar de ter uma newsletter para fins profissionais, já que parece que agora toda a gente tem uma (e um podcast, agora toda a gente tem um podcast!), mas por enquanto podem chamar-me antiga, obsoleta, fora de moda, infoexcluída, amargurada. Estou-me nas tintas.