Que nem cogumelos

Sempre que espreito o LinkedIn, luto com um sentimento de inadequação e de estar sempre a correr atrás da última carruagem. Os outros tradutores e revisores parecem sempre mais produtivos e eficientes. Todos os dias, têm um rol de obras revistas ou traduzidas para apresentar. Pergunto-me como o fazem. Será que passam os dias e noites a trabalhar, para conseguirem apresentar produção tão invejável? Ou será que foi tudo obra do acaso e terão, como eu, obras há muito acabadas que foram sendo proteladas pelas editoras e viram, não como eu, de repente, a luz do dia — e em catadupa?

Eu, que até cumpro um número bastante respeitável de palavras por dia, vejo-me há largos meses sem obras para apresentar. Tenho seis no prelo, como se diz, que muitas vezes é um eufemismo para encobrir a falta de tempo dos editores ou de dinheiro das editoras, para as escolhas imprudentes que fizeram em tempos de vacas magras ou para o surgimento de nomes mais sonantes que se sobrepuseram. Talvez um dia venham a ser publicadas, e quem sabe também em catadupa, e eu possa incluí-las no meu modesto portefólio e criar nos outros a mesma sensação de que, das minhas mãos, as traduções saem que nem cogumelos.

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