A magia do Natal já era, os desejos de ano novo é que estão a dar.
Na passagem de ano, a anfitriã distribuiu uns quantos Post-its onde nos pediu que escrevêssemos os desejos que queríamos ver concretizados em 2023. Deviam ser 12 desejos, um por cada passa, mas como eu não gosto de passas, achei que podia fazer as coisas à minha maneira e usei um só papelinho amarelo, com um único desejo para o novo ano.
A coisa passou-se, o ano começou e, nos primeiros três dias, foi aquele pesado arrancar sem energia nem esperança.
Até que, na noite do quarto dia, estava eu de volta da roupa, já depois de deitar as miúdas, quando oiço miar. Aquele miar inconfundível da… nossa gata! Eu nem queria acreditar. Atirei ao ar tudo o que tinha nas mãos e nos pés (as socas estavam a atrapalhar) e corri a abrir a portada da cozinha. Era mesmo ela que, 12 dias depois (14, se contarmos os dias em que desapareceu e reapareceu), a Olívia regressa a casa pelas próprias patinhas, miando desalmadamente e esganada de fome e sede.
Ainda só houve duas situações em que as minhas filhas me viram chorar e foi sempre por causa dos nossos gatos: quando um morre ou desaparece e quando a Olívia apareceu. Doze dias depois… Caramba, já estava a perder a esperança.
Os dias seguintes têm sido passados de roda dela, a fazer-lhe companhia, porque não suporta estar sozinha (o que me leva a crer que ficou mesmo fechada em qualquer sítio, sozinha, durante todo este tempo) e a dar-lhe estabilidade. Acho-a um bocadinho abatida, mas tem muito apetite e não se cansa de festas. Se pensarmos bem, é bastante provável que ela esteja a sofrer as consequências da descarga de adrenalina que deve ter tido e que esteja a acusar algum stress pós-traumático.
O que eu dava para saber onde esteve metida este tempo todo… Ela bem nos contou, quando chegou, miando sem parar enquanto entrava em todas as divisões da casa, como que para se certificar de que ainda estava tudo no sítio certo. Ela bem nos contou, nós é que não a percebemos…