Sexta-feira. Dia de almoçar no restaurante a ler o Ipsilon, mas hoje não me despertou particularmente o interesse; não sou suficientemente intelectual.
Saí do escritório mais cedo e fui buscar a camisola de crochet que tinha mandado fazer na retrosaria. A senhora devia estar a pensar que não a iria buscar; voltei lá duas vezes para mudar a cor do fio e pedir alterações, poderia perfeitamente ter-me arrependido da compra, se nem sinal me pediu; mas não, ela não sabia, mas sou de palavra. Ficou óptima e nada cara, tendo em conta que foi feita à mão, ali ao balcão de uma loja pequena que já foi uma loja de gomas e depois uma papelaria. Espero que esta senhora tenha mais sorte.
Também pedi alterações ao tatuador, que me mandou um protótipo de que não gostei. Andei às voltas na cama por causa disso. Calhou também ter tido azia por causa da salada de ovas; demasiado alho, passei o tempo a arrotar e a repugnar-me com o meu próprio sabor. Enquanto andava de um lado para o outro na casa escura, enquanto todos dormiam, de garrafa de água com gás na mão e arrotos a estalar-me nos dentes, pensei na forma como o protótipo me fez sentir; foi aquela sensação de desconforto quando estamos prestes a fazer uma coisa de que, sabemos, nos iremos arrepender. Uma tatuagem, de entre todas as coisas, não se presta a isso. Então, hoje, dediquei-me a procurar e a procurar e procurei e procurei e lá encontrei aquela imagem que fez clique. Imprimi-a, recortei-a, colei-a no braço, tirei fotos, mexi o braço de um lado para o outro, observei-o de várias perspectivas, sim, é mesmo isto. Pedi ao tatuador que alterasse o desenho e ele aumentou-me o preço. Já em casa, sinto o marido apreensivo por causa do tamanho da coisa, mas é compreensível. Ainda há pouco mais de três anos não tinha tatuagem nenhuma e, agora, já vou para a terceira. O que virá mais lá?
Fui regar e vi o livro da Ivone Mendes da Silva na caixa do correio. Caramba, que edição bonita. (Por falar em ler, li este artigo que me fez pensar.) Lá mais para a noite, vêm entregar sushi e eu talvez até beba um copo de vinho. Ah, sexta-feira!