
Desde que voltei às redes sociais, depois da minha quaresma digital, tenho lido muito menos blogues e deixei de fazer aqui o meu registo fotográfico da semana ou de escrever os meus “diários”. Ocasionalmente, lembro-me de que gostava de vir aqui falar das coisas simples, contar como correm os dias, fazer o relato da horta ou das coisas saudáveis que tenho andado a comer (ando obcecada com a confeção da crepioca perfeita, mas poupo-vos a uma série de considerações a esse respeito). Mas nunca venho, porque ando ocupada com o meu trabalho, com a horta, com os treinos, com os meus cozinhados, com as miúdas, com o esquentador, que está sempre a fazer das suas, com a gata e as pulgas que traz para a cama da Alice e com o carro velho, que adora prender-me no interior, e o novo que só chega no outono. Na minha ausência, a vida continua, a minha e a dos outros que, da sua, nos deixam ver aquilo que querem que vejamos. Já eu sou muito transparente e sei que isso também não é bom, mas não é coisa que a idade me tenha ensinado a mudar. Acho que vou ser sempre assim: uma porta escancarada. Entrem e ponham-se à vontade.