Ontem, 30 de Setembro, foi o Dia Internacional da Tradução. Convidaram-me para, juntamente com duas colegas, ir representar a APTRAD e falar sobre a profissão de tradutor a três turmas de 3.º e 4.º anos. Estruturei a “aula” como melhor me pareceu, mesmo que à última hora decidisse mudar por completo a minha parte. Ainda assim, correu muito bem. Surpreende-me sempre este meu à vontade perante uma audiência, quando sempre me julguei uma introvertida incorrigível. No fim da nossa aula, de saída para um almoço entre colegas ou, como está na moda dizer, sessão de networking, fomos interpeladas pelo professor de inglês que queria saber como podia um amador entrar no mundo da tradução, cito, para fazer uns trabalhinhos à noite. Três pares de olhos postos nele, indecisos sobre se o mandar à fava ou responder da forma o mais condescendente correcta possível.
Continuarão sempre a espantar-me estas pessoas que vêem a tradução como um biscate, como uma coisa que se faz nas horas vagas para ganhar uns trocos, para a qual qualquer pessoa com conhecimentos de línguas está apta, sem precisar de tirar qualquer tipo de especialização.
Assim como continuarão sempre a espantar-me os clientes que pedem desconto de acordo com o volume de palavras, como se eu pudesse pedir ao Sr. Manel do talho um desconto proporcional ao número de bifes comprados.
E que sentido fazem os testes de tradução? Acaso pedimos uma consulta de teste quando vamos a um médico pela primeira vez?
Na mesma linha de reflexão, porque não instaurar o Dia do Tradutor como um dia de networking, lazer e reflexão? Só para tradutores, claro. Amador não entra.