Lá em casa, há todo o tipo de gostos musicais. A mais nova é fã de D.A.M.A. e Ricardo Reis Pinto, a mais velha só gosta de ouvir a Megahits, o que diz muito da sua música preferida, o pai gosta de Bob Dylan, Leonard Cohen e Cat Stevens (e tudo o que veio antes disso) e eu sou a tipa incompreendida de Nick Cave e do indie rock. Costumo pensar que o que interessa é elas gostarem de música e não propriamente a música que ouvem actualmente. Os gostos mudam, mas a música deve estar sempre presente.
Foi assim que, ontem, apresentei o Spotify à minha filha mais velha. Criei-lhe uma conta, a fingir que tem mais de 18 anos, e ensinei-a a procurar músicas e a criar playlists. Isto porque durante a semana não se acende a televisão nem o Youtube lá em casa. Mas pode-se ouvir música.
Passado um bocado, chamou-me para ver a sua primeira playlist. Entre os Justins Bieber e as Carolinas Deslandes da praxe, havia uma ou outra influência da mãe (Capicua e Jain) e muita brasileirada. Para minha surpresa, encontrei a “Oração”, da Banda Mais Bonita da Cidade, que duvido que tenha passado na Megahits alguma vez.
-Tu conheces isto?
-Conheço.
-Mas de onde é que conheces esta música?
-Sei lá, conhecendo.
Bom, acho que é assim que se começa, não é?