O valor do tempo

Porto, 08-06-2018

A última vez que publiquei um artigo no blog foi há exactamente um mês. Artigos, tenho-os escritos e guardados, portanto, não serve a desculpa de não ter nada para dizer. Simplesmente, acabo por nunca carregar no botão Publicar. Com isto, passou-se um mês.

Neste mês, aconteceu muita coisa, entre as quais duas viagens ao Porto, uma em trabalho e outra em lazer. É onde estou agora, recostada no sofá de um Airbnb da Avenida da Boavista com vista para uma sobranceira, mas estéril nespereira, cujos ramos se estendem sobre o pátio verdejante e que nos deviam servir de sombra, caso não estivesse um frio impróprio. A amiga com quem vim ao festival saiu em trabalho e eu, cansada da noite e de vaguear pelas ruas da Baixa sem rumo nem destino, mais não fazendo do que cumprindo uma obrigação de visitar cidade alheia, só porque cá estou, decidi voltar para o apartamento, pôr as pernas ao alto e ligar o portátil para ver o que acontece.

O e-mail só me traz trabalho, no Facebook já nada se passa há muito tempo e blogues é coisa a que já ninguém liga muito. Ainda assim, cá estou, a tentar desculpar-me por ter passado tanto tempo sem dar notícias, ao mesmo tempo que procuro dar um sentido às horas vazias de obrigações que tenho pela frente e ocupá-las com um propósito. Esta minha mania de não conseguir simplesmente estar sem fazer nada levou-me mesmo agora a decidir fazer isso mesmo –  nada – só porque tenho oportunidade para tal. Vou fazer nada porque agora posso, é isso. Assim, de repente, não vejo melhor maneira de dar valor ao meu tempo.

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