Leituras de 2018 #2

2. A Educação de Eleavor, de Gail Honeyman

O meu pai deu-me um livro da Nora Roberts no Natal. Deve ter batido com a cabeça no dia da compra, porque antes de mo dar já sabia que eu não ia gostar. Por isso, fui trocá-lo por outro sem qualquer peso na consciência. Escolhi “A Educação de Eleanor” por mera sugestão do Goodreads. Às vezes, deixo-me levar pelos algoritmos. Mas, desta vez, os algoritmos acertaram em cheio: “A Educação de Eleanor” é um must-read!

Apesar de ser fácil de ler, não é um livro fácil. É um autêntico murro no estômago que nos faz questionar as estruturas sociais e querer saltar da cama para ir abraçar as nossas filhas. Mas não é sempre assim. Por exemplo, no início do livro, não sabemos se havemos de rir ou chorar de comiseração. Eleanor é uma jovem mulher extremamente inadaptada a nível social e solitária. Não percebe as convenções sociais, tem a sensibilidade e empatia de uma galinha, é extremamente poupada (e forreta) e considera que a razão está do seu lado e todos os que a rodeiam são uns autênticos mentecaptos (daí o título original do livro “Eleanor Oliphant is Completely Fine” – que se perdeu bastante na tradução…).
Um belo dia, decide (não vou dizer-vos porquê) fazer algumas mudanças exteriores com o intuito de parecer uma mulher “normal”. Fazer depilação, ir à manicure, comprar roupa, cortar o cabelo são coisas que Eleanor sempre considerara supérfluas e que faz, agora, pela primeira vez, o que dá azo a situações muito caricatas. Estas mudanças exteriores coincidem com algumas mudanças interiores que acontecem por fazer, pela primeira vez na vida, um amigo. É então que a emotividade chega à vida de Eleanor – e que descobrimos que a sua inadaptação social tem raízes num acontecimento traumático. As situações engraçadas começam a rarear e o livro assume, então, um ar muito sério. Deixamos de nos rir com o nerdismo de Eleanor para desejarmos ardentemente que tudo corra bem para ela. Ri e chorei em doses iguais. Não é qualquer livro que me faz sentir nesse limbo. Por isso, recomendo vivamente. Mas não só por isso. Por todas as razões e mais alguma.

 

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