Passou-me uma coisa pela cabeça e decidi que, este ano, vou participar na Travessia da Baía de Sesimbra. A ideia não foi minha, foi do Tiago, que é homem dos desafios malucos, mas pareceu-me quase imediatamente uma boa ideia. Apesar de não o ter admitido logo, pois eu tenho um bocado de medo de peixes, deixei-me convencer pelo meu histórico de desafios pessoais. Aquela vez em que saltei para a água no Tofo, em Moçambique, para ver o tubarão-baleia foi dos momentos mais tenebrosos da minha vida. Mas, lá está, mesmo assim saltei. E uma vez deixei morrer o meu canteiro por lá morar uma família de gafanhotos e me ter recusado a continuar a regá-lo, mas agora tenho um talhão nas hortas urbanas com tudo o que implica de convívio com bicharada. Andei 23 anos a esconder as minhas cicatrizes até ao dia em que comprei uns calções e os usei efectivamente. Passei 74 dias sem comer açúcar, incluindo no Natal, e ouvi toda a gente à minha volta, até a minha médica, a dizer que não eram capazes de tal façanha. Mas eu fui. Portanto, eu tenho isto em mim: uma força qualquer que me impele a enfrentar as coisas das quais passei toda a vida a fugir. Isto é mais ou menos recente, veio com a idade, ou com a maternidade, ou simplesmente desde que tenho ao meu lado uma pessoa cheia de autoconfiança. Então, porque não continuar a aproveitar este dom?
E como tenho andado a nadar muito (umas das coisas que mudei na minha vida, quando decidi que queria abrandar, foi ter trocado o treino altamente intensivo e desgastante do ginásio por yoga e umas braçadas descontraídas que me limpam a alma e ajudam a manter o corpo activo), é mesmo o momento perfeito para me meter nesta aventura. Ando a nadar duas a três vezes por semana e tento fazer sempre, no mínimo, 1000 metros, em 40 minutos. A Travessia é de 1500 metros e só tenho 30 minutos para terminar depois de o primeiro concorrente ter chegado ao fim. Ou seja, tenho de fazer 1500 metros no mesmo tempo que faço agora 1000-1100 m. Será que consigo? Tenho 9 meses para treinar, por isso essa parte não me assusta. Tento imaginar como será nadar em águas escuras e geladas com peixes por baixo de mim e sei que tenho muito treino mental para fazer. Mas, neste momento, não duvido de uma coisa: vou ficar aterrorizada, mas vou conseguir. E acho que é um excelente desafio!
2 comentários
bons desafios, são aqueles que nos aterrorizam, mas que depois deixam a nossa alma leve e feliz.
Uau,que desafio fixe :)! Na água salgada o corpo fica mais”leve” ,poderá ser mais fácil ,isto Se não houver ondulação e se a água não estiver muito fria…mas se estiver vais de fato e barbatanas😁!