Com estes que aqui apresento, li 14 livros (e meio) este ano. Não acho nada de mais, mas considerando que só comecei a ler o primeiro em Abril, acho que faz uma boa média. Gostava de chegar aos 20 livros lidos em 2017, mas tenho de pensar numa meta mais realista. Até lá, ficam aqui as minhas sugestões de 2016.
- Um homem chamado Ove, de Fredrik Backman
Vi este livro no Instagram da Rafaela e pensei que tinha de o ler. Não conheço muito da literatura escandinava não policial, por isso fiquei logo com a pulga atrás da orelha. Comprei-o na primeira oportunidade e… gostei tanto! Ao princípio, dá a ideia de ser um livro cómico sobre um homem idoso zangado com a vida, que passa o tempo a resmungar contra tudo e contra todos, e que decidiu pôr termo à vida. A parte cómica está no facto de, por várias vezes, ser interrompido no preciso ato de suicídio. Ao passo que vamos conhecendo a personagem, percebemos o que está por trás da sua enorme zanga com o mundo e da sua decisão de o abandonar e começamos a acarinhar este homem carrancudo e a desejar-lhe um outro tipo de final feliz. Mas não se enganem, porque este livro não é um livro cómico sobre um velho rabugento. É, antes, um livro extremamente ternurento que ora nos faz rir, ora nos faz chorar. - A Desumanização, de Valter Hugo Mãe
Valer Hugo Mãe, que outrora escrevia sem maiúsculas, dispensa apresentações. Não é, contudo, um autor para as massas. Digo isto não só por comparação com os autores para as massas, obviamente, mas porque já me cruzei com várias pessoas que, sendo leitoras de autores não para as massas, não o suportam. Acham, e cito de memória, “que carrega nos ombros todo o peso do mundo” e que é um prepotente da linguagem. Ora eu, por outro lado, acho que VHM tem poesia dentro de si e que manuseia a linguagem como um mestre para expressar toda a beleza (e também a tristeza, é certo) que vê no mundo. Este livro, em concreto, é passado na Islândia, e foi por isso que o comprei. VHM tem, como eu, uma paixão pela Islândia, tendo lá passado uma temporada, ou várias, não sei bem, e tendo-se baseado no folclore islandês para escrever esta história. E eu adorei. Por tudo: pelo cenário, pelo imaginário, pelos nomes tão islandeses, pela linguagem, pela poesia, pela tristeza, pelo peso do mundo que carrega nos ombros, pela beleza encerrada em cada palavra escolhida, por tudo e mais alguma coisa.
- Sono, Haruki Murakami
Murakami é um dos meus autores preferidos. Conheci-o quando vivia em Berlim, através do Bookcrossing, e li vários livros dele de uma assentada. Os meus preferidos são “A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol” e “Kafka à Beira-Mar”. Perdi-me no universo fantástico de “Em Busca do Carneiro Selvagem” e fiquei anos sem o ler. Até que encontrei este livro na feira do livro e do disco do Avante. Já tinha falado deste livro aqui. Comprei-o principalmente pelas ilustrações que achei deliciosas. A história não é nada do outro mundo (é sobre uma mulher que passa 17 dias em dormir), mas serviu para voltar a querer mergulhar no universo Murakami. - 1Q84, de Haruki Murakami
E cá estamos, como não podia deixar de ser. Vai ser o livro que me vai acompanhar na transição de ano, pois ainda vou a meio e já hoje é o penúltimo dia do ano. 1Q84 retrata um 1984 paralelo (referência ao 1984 de George Orwell?), mas confesso que ainda não estou a perceber bem em que moldes é que isto se processa, por isso não me vou adiantar. Para quem conhece a obra de Murakami, não desilude, tem lá todos os pontos principais a que o autor nos habituou. A história é contada a duas vozes, a de Aomame, uma espécie de mercenária dos justos, e a de Tengo, um professor de matemática que se vê envolvido numa fraude literária. Segundo a sinopse, os dois destinos ainda se irão cruzar, mas ainda não cheguei lá. Estou desejosa de terminar o livro, porque há mais dois volumes desta história!