Fomos passar uns dias a Roma festejar o nosso 9.º aniversário. Foi antes dos anos da Alice e parece que já foi há um mês. Quanto mais tempo passa, mais descabido me parece falar sobre isso, fazer um relato e assim, com sugestões de restaurantes e dicas para evitar as filas nos monumentos. Com posts separados dedicados ao dia um, dia dois, dia três e por aí fora. Com fotos sépia de pontes romanas e de pizas de massa fina com prosciutto e pecorino. Mas, como já devem ter percebido, não vai haver nada disso.
Primeiro, porque já não me lembro bem do nome dos sítios que gostava de sugerir, e depois porque, de repente, sinto que há imensas outras coisas mais interessantes que gostaria de estar a fazer agora. Como, por exemplo, abrir uma garrafa de vinho e ver uma boa série. Além disso, somos péssimos conselheiros turísticos, no sentido de que preferimos passear pelas ruas a ir a museus e não somos muito bons a poupar dinheiro a alambazarmo-nos de iguarias locais.
Mas há umas dicas fáceis e rápidas que vos posso dar sobre Roma:
- Estão a ver um estádio de futebol? Estão a ver um estádio de futebol a abarrotar de turistas asiáticos? Estão a ver um estádio de futebol a abarrotar de turistas asiáticos de selfie stick na mão a tirar selfies em tudo o que é recanto? Agora imaginem isso em Roma. Pois.
- Os romanos são elegantes, bonitos, bem vestidos. Mas não se percebe nada do que dizem. O pior é que eles acham que podem falar romano com os portugueses à mesma velocidade a que falam entre eles. E como nós não queremos dar parte de fracos, afinal as nossas línguas nasceram todas da mesma mãe, pomo-nos a falar espanhol com eles, porque é o que sai naturalmente, mas como não é espanhol o que queremos falar com eles, mas sim italiano, falamos espanhol com um mau sotaque. E o certo é que toda a gente se entende!
- É mesmo verdade o que dizem: Roma tem monumentos e ruínas históricas a cada esquina. Tantos que ao fim de três dias começa a enjoar e já só sonhamos com um museu de Arte Moderna. Quando se tem pouco tempo, há que fazer uma seleção prévia do que queremos ver e comprar os bilhetes online. Isto evita não só horas em pé no meio de legiões de coreanos com selfie sticks (ver ponto 1), como evita também que passemos ao lado de museus dignos de ver porque estão esgotados durante toda a nossa estadia (aconteceu-nos com o Museu Borghese, que parece precisar de reserva com, pelo menos, três dias de antecedência).
(Entretanto, já fui buscar um copo de vinho, mas como ainda não me decidi sobre a boa série, vou continuar.)
- Uma coisa que vale mesmo a pena ver, mas mesmo, mesmo a pena, é o Coliseu. E o que vale mais ainda a pena é pagar uma visita guiada oficial em grupo. O preço não é nada do outro mundo e proporciona-nos um conhecimento mais aprofundado da história em torno do monumento que não teríamos sem guia. Além disso, com um guia oficial podemos visitar as catacumbas do Coliseu e o anel superior, normalmente vedado a visitantes sem guia. Como só reservámos em cima da hora, só conseguimos lugar numa visita dada em castelhano o que poderá, ou não, ter-nos confundido um pouco (ver ponto 2). Aconteceu o mesmo nos museus do Vaticano. Efetivamente, estávamos destinados a falar espanhol em Roma!
- O bairro Trastevere, literalmente “atrás do rio Tevere”, é o bairro por excelência para ir jantar e beber uns copos. “Calhou” que lá ficássemos também a dormir e, por isso, posso dizer que ficámos muito bem localizados. Como fazíamos sempre tudo a pé (estas perninhas fizeram uma média de 16 km por dia), não nos importou que o metro estivesse quase a 1 km. O que nos importou, sim, foi o nosso alojamento não ter pequeno-almoço, coisa a que não demos, erradamente, muita importância quando fizemos a reserva. Em Roma é tudo caro, mas a restauração é especialmente cara. E os pequenos-almoços fora em nada contribuíram para umas férias poupadas.
- Os gelados italianos. Oh, os gelados italianos. Podia agora passar a noite a dissertar sobre isso, mas vou poupar-vos com apenas uma palavra para vocês: Venchi. E mais não digo.
** Só no fim reparo que este post foi escrito com o novo acordo ortográfico. Peço desculpa, não sei o que me deu. Só pode ter sido do vinho… É melhor ir ver a tal série.
2 comentários
sobre os gelados, dizer apenas isto: quinze dias antes, há quem tenha comido 15 bolas de gelado num dia. quinze! isto é verídico. 😉
15?? E essa pessoa não teve assim uma grande dor de barriga no final desse dia? 🙂