O que ando a ler #1

Desde Abril que retomei os meus hábitos de leitura. Tinha a Alice 2 anos e meio. No meu caso, foi o tempo de que precisei, após a gravidez, para voltar a conseguir ler mais de duas páginas sem adormecer. Ou, sequer, para voltar a ganhar interesse por mundos inventados que me levem para longe de papas, fraldas e dentes. Durante estes 2 anos e meio não parei de ler totalmente. Mas lia devagar. Sem grande interesse. Uma média de 1 livro de ficção a cada 4-6 meses. Os livros técnicos já tinham mais sucesso. Não é preciso acompanhar a história (e lembrar-me dela daí a umas semanas) e dá para escolher o capítulo ou tema que mais interessa no momento.

Mas em Abril deste ano voltei a pegar num livro não técnico e a lê-lo em poucos dias. Foi um livro que deram ao Tiago nos anos dele, um policial americano daqueles de suspense fácil, capítulos curtos e linguagem directa. Talvez mesmo o que precisava para regressar. Desde então, tenho lido bastante. Li mais em 6 meses do que nos anteriores dois anos e meio. E, se bem que duvido que tenham algum interesse naquilo que andei a ler, a verdade é que eu já comprei e li (e nalguns casos gostei) de livros sugeridos noutros blogues, por isso talvez a minha lista vos venha a ser útil um dia.

Comecemos pelo princípio: de Abril a Junho.

  1. O Assassino do Crucifixo, de Chris Carter.
    Foi este o livro que deram ao Tiago e que serviu de catapulta para voltar a ler. Não é nenhuma obra-prima. É um policial americano e, para quem como eu prefere os policias nórdicos, demasiado sensacionalista. Capítulos curtos, parágrafos pequenos que terminam sempre com uma última frase de suspense para nos convencer a continuar a ler. Cumpre bem o seu papel de entreter, a história está bem contada e a figura do detective é credível e sólida, mas não me deixou com aquele desejo ardente de ler o resto da colecção.chris-carter
  2. Pensa num Número, de John Verdon
    Ainda assim, fui à livraria e pedi que me recomendassem um livro do mesmo género. Remeteram-me logo para a área dos policias nórdicos, mas eu sabia que, assim que começasse a ler um, não conseguiria parar e preferi escolher um autor que ainda não conhecia. John Verdon já escreve outro tipo de policial, uma espécie de romance, com linguagem cuidada e rigor descritivo. Contém menos suspense, mas entretém à mesma, sendo um bom livro para ler nas férias.john-vernon
  3. Biografia Involuntária dos Amantes, de João Tordo
    Tenho um problema com João Tordo. Gosto muito, ou gostava muito, porque me faz lembrar Paul Auster, mas há duas coisas que me irritam. Primeiro, porque faz lembrar Paul Auster. Até  aos fãs de Paul Auster o Paul Auster já irrita, porque é sempre a mesma coisa, quanto mais se ainda houver outro que segue a mesma temática: o eu e o outro, um homem que vive obcecado por um outro e, à medida que investiga e se envolve cada vez mais na vida do outro, acaba por se esquecer de si, confundir a sua vida com a do outro e entrar numa espiral decadente. É claro que isto não é regra, mas é muito recorrente nos dois autores. E depois são as referências bibliográficas, cinematográficas e artísticas que encontramos ao longo do livro e que me parecem um pouco pedantes. É como estar a atirar à cara do leitor tudo aquilo que ele devia ter lido, visto e ouvido para se integrar na atmosfera da história. Dispensável. Mas é um pormenor. O livro não prende ao início, mas a partir de meio começa a ficar mais interessante (lá está, à medida que o protagonista começa a descobrir coisas sobre o outro e a embrenhar-se cada vez mais na sua vida passada…).joao-tordo
  4. Lembro-me de Ti, de Ysra Sigurdardóttir
    Chegada a esta altura, não resisti e comprei o primeiro policial nórdico que vi na livraria. Ou melhor, o primeiro policial islandês que vi. Os suecos são os mestres dos policiais nórdicos, mas os islandeses têm uma coisa a seu favor: o clima islandês e o cenário muitas vezes inóspito são propícios ao desenvolvimento de uma investigação policial em torno de um crime hediondo. Além disso, como sou fascinada pela Islândia, tendo sempre a preferir autores islandeses.

    Adorei este livro. Adorei! Li-o em 4 dias. Tem todos os elementos de um bom policial aliados a uma narrativa sólida e bem entrelaçada, sem pontas soltas nem acontecimentos mal contados. No entanto, há que avisar que é um policial com elementos sobrenaturais e eu não estava ciente disso (nada no resumo do livro dá a entender que mete almas penadas!). Fui apanhada de surpresa e tive realmente medo, mas eu isso sou eu, que me assusto verdadeiramente com histórias de terror. Ainda assim, mesmo cheia de medo, não conseguia parar de ler. A isso chamo um bom livro. Já disse que adorei?planoK_lembro_me_ti

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4 comentários

  1. Que engraçada a comparação Paul Auster e João Tordo. Gosto bastante dos dois. Esse policial islandês ainda vou comprar!
    Inês

    1. Eu também gosto muito dos dois, mas confesso que a temática já me cansa um pouco. Estou a precisar de uma pausa dos dois para depois retomar em força 🙂

  2. Olá!
    Em 1° lugar, gosto muito do teu estaminé novo 🙂 e agora que penso nisso, já é o teu 3o blog que sigo!
    Em 2o lugar, obrigada pelas sugestões! Os 2 primeiros já li e gostei, também mais do 2o do que do Chris Carter, mas não perdi a vontade de ler o resto da colecção. E estou a ler em inglês, o que é sempre um bónus 😉 o livro do autor islandês despertou-me a curiosidade. Leio bastantes suecos, mas não me parece que islandeses já tenha lido algum.

    Beijinhos e boa continuação de leituras e a um bom ritmo, de preferência 😉

  3. Olá, Andreia! Obrigada 🙂 Se formos a ver bem, este blog é só um prolongamento do Bolas de Berlim. Não gostei de estar alojada na Sapo e precisava de mudar o nome, foi mesmo só isso. O resto mantém-se!
    Ainda bem que as minhas sugestões te despertaram a curiosidade. Os islandeses são tão bons como os suecos, mas têm aquele elemento de isolamento (por ser uma ilha), do clima, da noite, da neve, mais do que em qualquer outro, acho…Ou talvez por a minha imaginação funcionar melhor por já ter estado na Islândia, não sei. De qualquer forma, gosto tanto! 🙂

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